sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Conversando a gente se entende

Em diversas organizações e em aulas de pós-graduação tenho ouvido freqüentemente a lamúria de lideranças da área de Tecnologia da Informação em relação à importância de suas áreas no contexto organizacional. Eles dizem receber pouco suporte da alta administração, e principalmente, poucos recursos para a realização de projetos, que segundo eles próprios são importantíssimos.

Pode haver diferentes motivos para a ocorrência desse fenômeno, mas de qualquer modo isso não é compatível com o conceito de que a importância da TI como ferramenta de negócio é cada vez maior (veja o artigo “Isso importa?”, no blog http://andrecamposti.blogspot.com). Então, há alguma coisa errada, não acha?

A primeira pergunta que faço é: como a área de TI se relaciona com o restante da organização? Muitas vezes a TI se considera praticamente independente, quase uma sub-empresa. Tudo bem chamar os usuários de clientes internos, mas é preciso compreender que a TI apenas suporta o negócio, como as outras áreas. Se a área de TI não integra, de fato, o negócio organizacional, provavelmente será vista como mero prestador de serviço, um mal necessário, um custo e um peso que a organização precisa carregar. A TI deve potencializar o negócio, ser verdadeira alavanca, e não uma âncora.

Outra importante pergunta seria: como a TI conversa com a alta administração? Não preciso argumentar sobre a importância da comunicação nas organizações; penso que isto está amplamente estabelecido. Apesar disso, “dificuldades de comunicação” costumam estar entre os principais problemas internos das organizações. E isto se aplica especialmente na relação TI X Alta Administração.

Digo isso porque o pessoal de TI acaba desenvolvendo um vocabulário muito específico, muito técnico e muito longe do negócio. Isto se agrava quando a TI não está imersa no negócio, que é o assunto da primeira pergunta. Essa dificuldade de comunicação pode, certamente, impedir a alta administração de compreender as necessidades de investimento em TI, por mais importantes que eles possam ser para o gerente ou diretor de TI. Veja essas duas formas de solicitar a aprovação para um projeto:

A)    Nossos computadores servidores precisam ser substituídos. Os atuais possuem placas de rede de 10mbps e isto provoca gargalos na rede, apesar de já termos trocado todos os switches por novos com banda de 100mbps/1gbps. Os HDs e memória RAM também estão no limite. A situação atual é insustentável, e os usuários tem reclamado diariamente. Precisamos de R$ 120.000 (cento e vinte mil reais) para substituir estes servidores. Aguardo sua autorização.

B)    Nossa tecnologia de suporte à operação comercial está obsoleta e sobrecarregada. Segundo nossas estimativas, as falhas decorrentes geram prejuízos mensais entre 2% e 3% para aquela operação, em função de lentidão e até indisponibilidade dos sistemas de informação, o que significa perdas entre 40 e 60 mil reais por mês.  Precisamos investir imediatamente R$ 120 mil para corrigir o problema, o que se pagará em 3 meses de operação e ainda evitará prejuízos de mais de R$ 400 mil por ano. Aguardo sua autorização.

Se coubesse a você decidir, qual das duas formas lhe pareceria mais convincente? O pedido é o mesmo, o valor é o mesmo, e os atores são os mesmos. A grande diferença está na forma de comunicar, falando o idioma do negócio, e não o idioma da tecnologia.

Invista tempo e esforço para conhecer profundamente a organização em que trabalha, e fale com ela de um jeito que ela compreenda.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Evolua – sempre

A evolução profissional é um paradoxo – muito importante e geralmente pouco prioritário. Deixe-me explicar melhor essa aparente contradição.

Todos falam muito sobre a importância da capacitação e desenvolvimento de competências. As empresas pregam isso e os profissionais também. Mas, mesmo assim, tanto as empresas quanto os profissionais encontram dificuldades em lidar com o trade-off desenvolvimento profissional versus investimento.

Em primeiro lugar, em muitos casos ocorre o investimento ineficiente, ou seja, com poucas chances de retorno. Kaplan e Norton já deixaram clara a importância de se balancear os investimentos para garantir o maior retorno possível. Em termos de desenvolvimento de competências, realizar um diagnóstico para compreender as competências realmente necessárias e os pontos fracos de um profissional ou de uma equipe, seria o primeiro passo. Mas dificilmente é feito assim.

Determinadas organizações chegam ao absurdo de perguntar aos próprios profissionais sobre o que eles gostariam de receber treinamento. Então, vem aquela lista desconexa e desbalanceada, com pedidos de treinamento em Linux, Assembly, Lógica Fuzzy, SPSS, Word, e sabe-se mais o quê. É pouco provável que o conjunto de competências adquiridas com esses investimentos agregue valor efetivo ao negócio da organização.

Por vezes o investimento em educação é visto como prêmio para o funcionário, e não como a poderosa ferramenta de negócio que é. “Bem, o Carlinhos tem sido muito dedicado, veja se ele não quer fazer uma pós. Pergunte a ele o tema que lhe interessa e veja uma Universidade. Mas não vá gastar muito, hein”. Essa é a abordagem para educação em algumas organizações.

Do ponto de vista do profissional também há equívocos. Alguns acreditam no poder “mágico” do instrumento. Nessa linha, para se tornar um grande escritor o primeiro passo é comprar a última versão do Word e a melhor impressora do mercado. Ou para se tornar um grande fotógrafo o caminho passa pela aquisição de uma máquina digital de 12 megapixels e pronto. É mais ou menos como as organizações que acreditam que comprar um ERP resolverá seus problemas de processos e estrutura organizacional mal definidos.

Mas é importante lembrar que os grandes nomes da literatura e da fotografia, os imortais, utilizaram recursos tecnológicos risíveis nos dias de hoje. E que a maioria das grandes organizações, as líderes de mercado, já eram líderes antes de toda esta onda tecnológica. Quer dizer que a tecnologia não ajuda os profissionais e as organizações? Longe disso. Mas a tecnologia não faz os profissionais e as organizações serem os melhores. O que faz isso é a aptidão, o talento, a competência. Com isso, é possível fazer belíssimas fotografias até com uma caixa de papelão.

Outro problema de alguns profissionais é a famosa transferência de responsabilidade. Eles esperam que as organizações em que trabalham invistam em sua educação, e se lamentam repetidamente quando isto não acontece. Se a organização não faz isso, é uma pena mesmo. Mas não esqueça que a vida é sua, e você é o responsável principal por fazê-la dar certo.

A evolução profissional não pode ficar em segundo plano. Nunca.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Governança em TI

Muito se fala em Goverança de TI, mas o que é isso afinal? Será que em sua organização a governança de TI é boa, ou pelo menos existe?

Sei que tem muita gente com as definições mais complexas possíveis, e não me oponho a esse método, mas que tal simplificarmos? Governança é relativo a governo, a governar. A governança de TI está relacionada com a forma como a TI é governada em uma organização.

No passado a TI, chamada de DPD (Departamento de Processamento de Dados), basicamente fazia só isso mesmo: processar grandes volumes de dados. Com a inundação de micro-computadores na década de 80 o computador ficou mais popular, e o pessoal do então Departamento de Informática, ou área de Informática, como era mais comumente chamado, também fazia o suporte ao usuário.

Na década de 90 as redes de computadores se consolidaram nas empresas, e a Internet chegou para ficar. As organizações começaram a operacionalizar suas atividades com suporte de sistemas cada vez mais integrados, hoje chamados de ERP (Enterprise Resource Planning). Desde então, os negócios das organizações ficaram cada vez mais entremeados por sistemas e soluções de TI e comunicação de dados. Até a área de telefonia foi absorvida por este caldeirão tecnológico chamado TI.

A TI passou a ser elemento importante, muitas vezes fundamental, para o negócio das organizações, e elas passaram a buscar cada vez mais retorno sobre os investimentos (ROI) nessa área. Isto implicava em organizar a TI, estruturar suas ações, medir seus resultados, acompanhar os projetos, etc. Normas surgiram para ajudar nisso.

Então, por isso, a necessidade de governar bem a TI, ou, em outras palavras, ter boa governança em TI. Significa alinhar as ações em TI com a estratégia institucional, garantir o bom andamento dos projetos e os retornos sobre os investimentos, garantir a qualidade dos serviços prestados para a organização e eventualmente seus clientes, desenvolver mecanismos de melhoria contínua dos processos de TI, compreender e modelar os processos organizacionais, fazer boa gestão dos fornecedores, estabelecer e cumprir acordos de nível de serviço, garantir a segurança da informação, e a lista não para por aí.

Nota-se claramente que, neste novo ambiente, a lendária figura do gênio trancado por dias a fio em uma sala cheia de computadores, dá lugar a um profissional equilibrado, com visão do negócio, com competências em gestão estratégica e compreensão de risco. Talvez isso seja menos romântico, mas estamos falando de um executivo de TI. E com a tendência de integração cada vez maior entre negócio e TI, o líder da TI tenderá a ser cada vez mais um executivo de TI.

Até mesmo no governo, apesar de todas as visões ideológicas que possa haver, se busca uma profissionalização com viés executivo. A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI), do Ministério do Planejamento, órgão líder do processo de organização da TI no Governo Federal, deixa isso claro em sua Estratégia Geral de TI (EGTI). Segundo essa estratégia, os órgãos devem focar na gestão da TI com seus quadros internos, e deixar os serviços mais técnicos para contratos a terceiros, elaborados e geridos por seus quadros (de gestão de TI, é claro). Isso implica em requalificação de todo esse pessoal de TI do governo, o que também está previsto na EGTI.

E por falar nisso, a CECIERJ, um consórcio do Governo Estadual do Rio de Janeiro, composto pela UERJ, UENF, UNIRIO, UFRJ, UFF e UFRRJ, está oferecendo um interessante curso à distância de Governança em TI. O Curso aborda ITIL, em suas duas versões, COBIT, outros modelos de governança, gestão de projetos em governança, conceitos, entre outros temas.

As inscrições serão aceitas entre 4 de janeiro e 3 de fevereiro, exclusivamente via Internet. Vale a pena conferir: http://www.cederj.edu.br/extensao/cursos/edital.htm.

Um abraço.

André Campos

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Isso importa?

A importância da Tecnologia da Informação tem sido bastante destacada por vários anos. Peter Drucker já falou da revolução da informação, e até Bill Gates escreveu sobre a estrada do futuro. Kaplan e Norton trataram a informação e suas tecnologias como capital das organizações, mais especificamente como “capital informacional”. Esses e outros autores falam da tecnologia da informação como elemento potencializador das estratégias organizacionais, e muitas vezes a apresentam como elemento simbiótico do modelo de negócios das organizações.

Não é por acaso que nos últimos anos tanto tenha sido feito para promover a eficiência, eficácia, confiabilidade, sigilo, e disponibilidade das informações que suportam os processos de negócio, em iniciativas tais como as normas ISO 27.000, ISO 20.000, e metodologias como ITIL, COBIT, e SOX. Sem contar em diversas outras metodologias e normas que tem sido aplicadas à TI, como SCRUM, PMI, BSC, Modelagem de Processos, e outras.


Parece que todo mundo já entendeu a importância da TI no mundo moderno, e que a TI é na verdade uma importante e poderosa ferramenta de negócio, muitas vezes definindo o sucesso ou o fracasso de um empreendimento.


Mas será que todo mundo entendeu mesmo? Será que os líderes das organizações, de fato, demonstram compreensão dessa importância em suas decisões? Será que as estruturas organizacionais e os programas de gestão de RH refletem este fato? E os profissionais de TI, será eles próprios já estão se posicionando nesse novo contexto, que vai muito além do help desk e da aquisição de pacotes de escritório?


Estes são os temas que pretendo ver discutidos nesse espaço. Usando o jargão do pessoal de negócios, vamos trabalhar para que este blog agregue valor às nossas carreiras e conseqüentemente, às organizações para quais trabalhamos.

Um abraço.

André Campos

domingo, 3 de janeiro de 2010

Let´s do that

Nunca pensei em ter um blog, e olha que isso não é a última onda tecnológica. Minha irmã me deu a idéia, pra falar a verdade, e ela também é da área de tecnologia.

Então, amigos, trata-se de uma experiência nova. Mas vamos tentar torná-la útil a todos, certo?

Um abraço.

André Campos