segunda-feira, 1 de março de 2010

Software livre ou proprietário?

Este assunto já foi mais polêmico, mas ainda traz consigo certo nível de disputa ideológica. Há pessoas de comportamento quase religioso dos dois lados. Mas, como acontece em muitas guerras, a partir de certo ponto ambos os lados só querem provar que estão certos, e o motivo original da disputa já não interessa mais.

Nesse caso, o motivo original deve ser relembrado: oferecer a melhor solução total para a organização, o melhor retorno sobre o investimento, o maior valor agregado ao negócio, a maior contribuição à missão da instituição. Não vamos esquecer isso, Ok?

É imporante definir claramente o que é software livre e o que é sofware proprietário. Para André de Almeida, advogado e vice-presidente da seção de direito internacional da Inter American Bar Association, o software livre é aquele que atende a quatro requisitos:

  1. Liberdade de executar o programa, para qualquer propósito;
  2. Liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas necessidades;
  3. Liberdade de redistribuir cópias de modo que se possa ajudar ao seu próximo; e
  4. Liberdade de aperfeiçoar o programa fazendo com que toda a comunidade beneficie deles.
Isto esclarece o seguinte: software livre não é software gratuito. E software gratuito, não é necessariamente livre. Por outro lado, o software proprietário é aquele que está restrito pelo fabricante em um ou mais dos quatro itens acima mencionados.

O mundo, de uma maneira geral, é capitalista, e não é pretensão minha discutir se esse é o modelo mais adequado. Mas o fato é que todos, incluindo aqueles que desenvolvem software livre, precisam custear suas despesas, e eventualmente, obter algum tipo de lucro. Software livre é, portanto, um modelo de negócio, de comércio, e não uma obra de caridade. Andre de Almeida trata bem o tema quando diz:
"Sob o aspecto comercial, destacamos que a opção de licenciamento de software é mais uma estratégia comercial do que propriamente uma benevolência do desenvolvedor. O que os diferencia, na realidade, é a estratégia de negócio das empresas desenvolvedoras de software, em que umas - licenciadoras de software proprietário - pretendem auferir lucros no licenciamento e outras - licenciadoras de software aberto - visam ganhar remuneração pecuniária na solução dos serviços, necessários para a customização dos software livres ao ambiente em que são utilizados".
As maiores fabricantes de software, livre ou não, são também as maiores empresas de tecnologia do mundo, e investem bilhões de dólares por ano em seus produtos. Os investimentos serão pagos, seja por licenciamento ou por outro modelo.

Antes de iniciar outra guerra, que tal lembrarmos do objetivo original, o cliente? No caso da área de TI o cliente é tanto o usuário final de seus serviços quanto seus acionistas, ou seja, aqueles que literalmente "pagam para ver". Estamos aqui por eles, e não para defender a Microsoft, a Sun (que aliás foi recentemente comprada pela Oracle, com fins lucrativos), a Novell, ou outra empresa qualquer.

Muito acertadamente o Governo Federal está mais preocupado com a seleção da melhor solução, com a maior estabilidade e sustentabilidade, o que pode ser observado na Instrução Normativa SLTI/MPOG 04/2009. Espera-se que a solução, esteja em primeiro lugar alinhada com os objetivos estratégicos da organização, geralmente definidos em um PDTI (Plano Diretor de Tecnologia da Informação). Então, que a aquisição seja cuidadosamente planejada, incluindo uma análise de vialbilidade, um plano de sustentação, a definição de uma estratégia para contratação, e a realização de uma cuidadosa análise de risco. E por fim, que o contrato seja gerenciado com responsabilidade.

As organizações de mercado estão adotando processos muito parecidos para aquisição de soluções em TI. Em ambos os casos, há a preocupação em se obter o máximo de resultados, com o menor investimento possível. No entanto, esse investimento não deve considerar apenas a aquisição inicial, mas também os investimentos em treinamento, os custos dos profissionais que sustentarão a tecnologia a longo prazo, os custos de serviços que serão contratados para implantar e manter a solução, e o custo das enventuais mudanças de processos organizacioanais e comportamento dos usuários finais.

Depois disso a resposta fica fácil: nem livre e nem propritário - a melhor solução total.